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O Globo: Antônio Frasson, mastologista: ‘Angelina Jolie mudou a história’

Acompanhe abaixo matéria do site O Globo: Antônio Frasson, mastologista: ‘Angelina Jolie mudou a história’ do dia 21/02/2017:

“Nasci e cresci em Nova Araçá (RS). Depois de me formar em Porto Alegre, fiz especialização em mastologia em Milão, nos anos de 1980, quando a cidade era o maior centro de estudo da mama no mundo. Hoje divido meu tempo entre aulas na PUC-RS, a clínica no Albert Einstein, e a presidência da Sociedade Brasileira de Mastologia.”

Conte algo que não sei.

Hoje, 40% do que se produz em pesquisa na área de oncologia no mundo é relacionada à mama. Isso tem a ver com a mobilização que esse tipo de câncer gera nas pessoas e, por ser muito frequente, acometer muitas mulheres de destaque na sociedade, o que impulsiona a discussão e a pesquisa. Angelina Jolie (quando anunciou ter operado as mamas após um teste genético) mudou a história. Antes dela, o exame custava cerca de R$ 12 mil. Hoje, alguns já custam R$ 2 mil. Gerou-se uma demanda muito grande, e isso foi um dos fatores que fez o preço ter caído. O objetivo dela é que os testes genéticos custem US$ 100.

Muito se discutiu sobre a eficácia e as indicações desse teste depois de Angelina Jolie trazer o assunto a público. Quando, de fato, ele é importante?

Pessoas com histórico familiar, como mãe que teve câncer de mama antes dos 50 anos ou quando há caso de tumor de ovário na família, são algumas das indicações. Cerca de 20% da população feminina brasileira têm indicação para fazê-lo, o que não quer dizer que o resultado vai ser positivo para mutação do gene.

Quem já teve câncer de mama, mas nunca fez o teste, ainda assim tem indicação?

Sim. Quem tem teste genético positivo para mutação no gene que controla a reprodução de células doentes tem 30% de chance de voltar a ter câncer de mama em cinco anos. Por isso ele é importante.

E quais são os procedimentos para quem tem mutação e fez o teste pela primeira vez?

A profilaxia pode ser feita com cirurgia bilateral ou uso de medicação que reduz o risco, sendo a cirurgia o método mais utilizado, como fez Angelina. A estratégia de fazer mamografia e ultrassom em quem tem mutação não funciona bem. Tumores nessa população têm crescimento mais rápido e agressivo. Podem aparecer de improviso entre um exame e outro.

Infelizmente, essa tecnologia, mesmo barateada, ainda é muito cara para a maioria da população brasileira. Quais são os maiores desafios da mastologia no tratamento dos mais carentes?

Para se ter uma ideia, a média de tamanho dos tumores de mama nos países do Hemisfério Norte é de dois centímetros; no Brasil, cinco centímetros. Aqui, eles são descobertos muito mais tarde. Um desafio num país como o nosso é estimular as pessoas a fazerem o diagnóstico precoce. No entanto, existe uma grande barreira a ser transposta também na área terapêutica. Não adianta você dizer para a população que é preciso fazer mamografia, se a fila de espera para o tratamento é de um ano.

A mastectomia é algo que causa muitas dúvidas e aflições, principalmente por ser feita de forma indiscriminada em muitos lugares do mundo. Como é a questão da cirurgia para retirada das mamas no Brasil?

Hoje, 56 mil mulheres têm câncer de mama todo ano no país. E metade das pessoas tem tumores grandes. A indicação da mastectomia depende da população que você trata. Na Europa, 80% das mulheres fazem cirurgias que conservam a mama. Aqui, estimo que 70% fazem mastectomia porque os tumores ainda são muito grandes. Isso está ligado diretamente ao diagnóstico precoce e ao tempo de acesso aos tratamentos.

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